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sexta-feira, 20 de maio de 2011

A metamorfose da casa em flor


Gabriel Joaquim dos Santos "tinha tudo" para passar "despercebido" por este planeta. Mas ele foi um homem que fez a sua vida com arte. Com sobras de materiais de construções, cacos de objetos quebrados encontrados ao léu, restos de coisas jogadas fora... ele construiu e embelezou a sua Casa da Flor, em São Pedro D'Aldeia, durante décadas.

"Sabiamente, ele comentava que fez uma casa 'do nada'".

"O que é, não sei... Aí tem um mistério na minha vida que eu mesmo não posso compreender. Os homens fazem trabalho, mas precisam aprender... Um carpinteiro precisa aprender. Eu não aprendi com ninguém. Eu não tive escola. Aprendi no ar, aprendi no vento... Isso não é de mim. Deus me deu essa inteligência, vêm aquelas coisas na memória e eu vou fazer tudo perfeitozinho conforme sonhei."

Sem saber ler e escrever e ligado nos fatos e acontecimentos de sua época (e de outras) guardava tudo em sua memória prodigiosa. Depois que dominou a escrita, por meio dos ensinamentos de um menino vizinho, aos 36 anos, passou a fazer anotações em cadernos. Seus cadernos agora fazem parte do acervo da Biblioteca Nacional.


"- Eu fico mais satisfeito trabalhando com os cacos porque as coisas modernas, coisas novas, ninguém vai ver. A gente entra nas cidades grandes, aquilo lá está tudo moderno, tudo bem organizado, tudo custa muito dinheiro. As pessoa vêem ali a força da riqueza. Mas aqui elas gostam de ver porque é a força da pobreza."

"- De noite, acendo a lamparina, me sento nessa cadeira, oh, que alegria para mim! Quando eu vejo tudo prateado, fico tão satisfeito... Tudo caquinho transformado em beleza... Eu mesmo faço, eu mesmo fico satisfeito, me conforta..."

"Ele se incluiu, com sua única e poética obra, no seleto grupo dos 'construtores do imaginário'".

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